Ouça a Narração
Bem vindo à Forja. Vamos falar de Justiça. A procura de um golpe.
Na mesma semana em que o Ministério da Fazenda anuncia que deverá promover cortes nas aposentadorias dos militares e nas pensões de suas viúvas e órfãs, o Ministro do STF Alexandre de Moraes autoriza que a Polícia Federal tome medidas cautelares prendendo militares da ativa, que segundo consta foram presos em serviço, quando prestavam segurança aos Chefes de Estado reunidos para o G20. Eles são acusados de ter arquitetado um plano para assassinar, não só ao Presidente Luiz Inácio Lula antes de ser empossado, como ao seu Vice-Presidente, Geraldo Alckmin, há quase dois anos.
Ato contínuo a Polícia Federal conclui investigações indiciando vários dos Oficiais Generais que participaram do governo anterior, acusados de ter tentado um Golpe de Estado na mesma época.
E não param por aí. A última notícia dá conta de que o plano dos militares indiciados seria não apenas impedir que Lula e seu Vice assumissem o mandato, mas também dar uma rasteira em Jair Bolsonaro e destitui-lo do cargo, assumindo definitivamente o poder, reeditando o Golpe de 1964.
Todos estes eventos em sequência podem se tratar de meras coincidências, mas também poderiam ser interpretadas por alguns como uma provocação aos militares. Não se pode negar que a corda está esticada a um limite um pouco além do razoável e já existe uma certa tensão repercutindo nos Clubes Militares.
O Ministro que autorizou que se tomassem ações contra os Oficiais Superiores das Forças Armadas, e os Policiais Federais que fizeram as investigações, devem estar totalmente "cobertos e alinhados", para usar um jargão militar, e possuem provas irrefutáveis, ainda não apresentadas ao público, que justifiquem tais medidas extremadas.
Ou senão poderia se supor que estejam mesmo esperando exatamente que os Chefes Militares reajam e se insubordinem contra o que até agora se apresentam como arbitrariedades injustificáveis.
A narrativa do golpe que não aconteceu tomou tal proporção ao longo destes dois anos e foram tantas as medidas consideradas exorbitantes, atingindo a honra de tantas pessoas influentes, que apenas se um verdadeiro golpe acontecesse se poderiam justificá-las, mesmo que acontecesse só agora, ainda que se aleguem que foram provocados a isso pelo acúmulo de supostas irregularidades na condução do inquérito.
Neste cenário hipotético, todas as ações tomadas poderiam se justificar e os envolvidos ainda sairiam deste episódio como vítimas perante a opinião pública, dizendo que era exatamente isto que estavam tentando evitar.
Havemos de concordar que um golpe militar dado neste momento seria trágico apara a história do país, mas também seria uma saída magistral para o imbróglio em que se meteram. Isso é claro, se as alegadas provas contundentes, encobertas por um inexplicável sigilo sobre o inquérito, não forem apresentadas. Porque se existirem as tais provas, os militares não teriam nenhuma razão.
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