Ouça a Narração
Infelizmente precisamos falar de mais uma tragédia.
"O 'bestão' lá se matou com fogos de artifício. A gente ri..."
A frase dita por dona Rosângela Lula da Silva, vulgarmente chamada de Janja, pode ter sido a chama causadora do incêndio que ceifou a vida da esposa do rapaz que havia se matado antes em protesto na frente do STF depois de ter atirado rojões contra uma estátua. O desrespeito demonstrado à dor de uma família enlutada pela perda de um ente querido segue dando seus frutos nefastos.
Porque qual esperança pode haver quando um ato de total desespero se torna motivo de chacota entre os que deveriam estar preocupados com o sentimento do povo?Quando o ministro do STF, indevidamente indicado para ser responsável pelo inquérito e pelo julgamento do caso, dá uma entrevista ilegal condenando antecipadamente o autor, sem que as diligências e as reais motivações fossem investigadas e devidamente esclarecidas.
"Lei Complementar Nº 3
Lei Orgânica da Magistratura Nacional - 1979
Art. 36 - É vedado ao magistrado:
...
III - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças."
Os que sambam sobre os caixões dos mortos, usando-os como palanque para seus discursos odientos deveriam estar preocupados, e eles estão mas parecem não se importar.
Porque quem tem coragem de atentar contra a própria vida em protesto, pode encontrar forças dentro de si para fazer bem mais que isso. Inclusive para fazer justiça onde não há. Nem todos suicidarão, senhores.
Talvez Deus possa ter piedade daqueles que abusam da força para tripudiar sobre o sofrimento que infligem aos indefesos. Mas os que sofrem a humilhação não terão.
No fundo eles sabem. O susto que a primeira dama demonstrou, a maneira como olhou para o céu quando ouviu a buzina de um navio entregou o medo que sentem, porque sabem que estão mexendo com forças além de sua tacanha compreensão e de seu relativo controle.
Viemos aqui novamente nos solidarizar por mais esta perda, causada pela irracionalidade de um regime que não aceita o contraditório e acusa aos outros de fazer exatamente aquilo que estão fazendo.
Enquanto insistimos em perguntar, quantas outras vítimas serão necessárias até que se façam cessar as arbitrariedades e as perseguições?
E continuamos a perguntar, até quando ministro?
Quanto mais o senhor pretende esticar a corda?
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