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Bem vindo à Forja. Vamos falar do Gabigol e do Flamengo.
Atualmente quando não se tem argumento para contrapor a quem apresenta um argumento logicamente razoável, colocam um apelido depreciativo no oponente e ficam batendo neste espantalho para desviar o foco do debate. Recentemente vejo este comportamento de parte da torcida ante flamenguista e até de alguns flamenguistas chamando de "Gabizetes" aos que levantam a voz para defender as incontestáveis virtudes do Gabriel Barbosa no Flamengo.
O jovem treinador Felipe Luiz tem demonstrado uma leitura excepcional do jogo em tempo real, observando o que acontece durante a partida e propondo soluções rápidas para os problemas que surgem, superando em muito a todos os seus antecessores neste quesito.
No segundo jogo da final da Copa do Brasil contra o Atlético Mineiro, jogando na casa do adversário, Felipe Luiz foi pragmático e suas decisões se mostraram acertadas mais uma vez. Ele escolheu tirar o Gabriel Barbosa colocando Bruno Henrique em campo e manteve o incansável Michael devido ao seu poder de recuperação e sua ajuda imprescindível na defesa sabendo que o adversário certamente viria para o tudo ou nada no segundo tempo.
Gabriel teve todo o primeiro tempo para justificar seus apelidos de Gabigol e predestinado, o que acabou não acontecendo devido a forte marcação montada pelo técnico adversário, impedindo a criação de jogadas que o colocassem em condições de definir. Gabriel estava muito marcado e a mudança feita pelo Felipe Luiz certamente surpreendeu ao Gabriel Milito e seu sistema defensivo perdeu a referência.
Mas façamos um exercício de imaginação e pensemos o que aconteceria se o Gabriel ainda estivesse em campo no momento do gol.
Não foi o Bruno Henrique, o substituto do Gabriel, quem fez o gol da vitória. Bruno Henrique atuou na sua especialidade, puxando o contra ataque em velocidade, atraindo os defensores para a ponta esquerda como sempre fez e imediatamente serviu ao seu companheiro que ficou praticamente livre de marcação.
E se fosse o Gabriel Barbosa quem estivesse ali e não o Gonzalo Plata?
Quantas vezes já não vimos esta cena se repetir nos tempos áureos em que Gabriel Barbosa e Bruno Henrique atuavam juntos para a felicidade geral da nação rubro-negra?
A reação exacerbada do Gabriel ao saber que seria substituído no intervalo é compreensível dentro do contexto de quem está ás vésperas de discutir a renovação com o clube ou mesmo de acertar com outro clube caso não houvesse acordo, embora não se concorde com os termos em que ele usou para expressá-la.
O campeonato para o Flamengo já estava encaminhado desde o primeiro jogo, quando Gabriel teve participação decisiva no primeiro gol e fez os outros dois gols praticamente sacramentando a conquista do campeonato.
Gabriel precisava de um gol no último jogo mais do que o Flamengo, que dependia apenas de não tomar gol para sagrar-se campeão. Com mais um gol numa decisão como essa Gabriel se cacifaria para chegar em qualquer negociação por cima, depois de uma temporada conturbada. Mas não aconteceu porque Felipe Luiz optou pelo pragmatismo e o Gabriel levou para o lado pessoal.
Felipe Luiz acertou nas substituições e mostrou-se um técnico promissor ao conquistar seu primeiro título como profissional dirigindo um grande time. Mas poderia ter acertado do mesmo jeito, se escolhesse repetir nesta final a dupla afinada que deu tantas alegrias à gigante Nação Rubro Negra. O que sobrou de entendimento técnico e tático faltou-lhe na compreensão da noção do espetáculo que o Gabriel Barbosa sabe explorar tão bem.
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