Ouça a Narração
Bem vindo à Forja. Vamos falar de esquerda e direita.
Os jornalistas costumam classificar os apoiadores da direita como sendo de extrema-direita. Embora o façam de maneira pejorativa, tentando rotular ofensivamente as pessoas, em certa medida eles estão certos. Se não estiver do lado oposto exato da esquerda, não se pode dizer que seja de direita, porque a esquerda é extrema e não faz concessões. Quem não está na extrema-direita, no máximo poderá dizer que é de centro-direita.
Mas como distinguir a direita da esquerda?
É o que vamos descobrir agora.
O período eleitoral que terminou neste domingo (27/10) iniciou uma discussão sobre quem venceu as eleições. Há quem diga que o centro venceu, como há quem diga que a extrema-direita foi derrotada e que foi a direita que venceu. Por isso ficou tão ou mais confuso a partir do fim destas eleições.
Basicamente o que se usa para distinguir a direita da esquerda são duas pautas independentes entre si. A pauta dos costumes e a pauta econômica. Pautas conservadoras como a defesa da família enquanto núcleo fundamental da sociedade, dos valores pátrios e religiosos são geralmente identificadas com a direita, mas podem eventualmente ser abarcadas por representantes da esquerda, como veremos.
É na visão econômica que reside o cerne da questão. Quem defende o direito a propriedade individual e a mínima intervenção do Estado na vida dos cidadãos, a liberdade de negociação nas relações comerciais e de trabalho, é de direita. É impossível que alguém de esquerda concorde com esta pauta.
Ao contrário, alguém de esquerda defenderá a autoridade do Estado na regulação das relações trabalhistas, no protecionismo de algumas atividades comerciais consideradas estratégicas em detrimento de outras e no fim da propriedade privada autorizando o Estado a arbitrar sobre o que as pessoas possuem. Basicamente o esquerdista coloca o Estado acima do indivíduo, da família, das associações, autorizando-o que intervenha quando achar necessário.
Consideram de extrema-direita quando juntam as duas pautas, dos costumes e econômicas, em uma mesma ideologia. A pessoa de direita defende o direito do individuo decidir o que seja melhor para ele e para sua família, tanto nos relacionamentos quanto nas questões econômicas.
No entanto alguém pode defender o liberalismo econômico, mesmo aceitando algumas exceções, enquanto acredita na necessidade do Estado interferir no comportamento, criando regras de relacionamentos interpessoais, ditando o que seja ou não seja aceitável, restringindo liberdades, alegadamente em prol da melhor convivência entre as pessoas. Neste caso será considerado de centro-direita.
Vice-versa, se acredita que a individualidade na pauta dos costumes é importante e que as pessoas devem decidir a melhor forma de se relacionar umas com as outras nas relações públicas e particulares, ao mesmo tempo que defende a intromissão do Estado na economia, nas relações trabalhistas e comerciais, se diz que esta pessoa é de centro-esquerda.
Finalmente temos a extrema-esquerda, ou simplesmente a esquerda, quando querem que o Estado arbitre sobre tudo, regulando como as pessoas devem se relacionar, mesmo que estas regras contrariem valores morais arraigados, forçando que sejam aceitas como práticas comuns. Da mesma forma querem que o Estado regulamente a economia decidindo o que pode ou não ser produzido, o que deve ser comprado ou vendido e por quanto, ao ponto de poder expropriar o que considere supérfluo ou excedente.
A imprensa cria uma confusão proposital quando chama os espectros do centro de direita, enquanto à direita mesmo rotula como extrema-direita. Na verdade eles esperam angariar vantagens econômicas da regulação do Estado, quando esta os favoreça. Eles são de esquerda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu Comentário será respondido em breve.