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Bem vindo à Forja. Vamos falar de Artistas e Inteligência Artificial.
Muitos profissionais tem manifestado o receio, o medo mesmo, de perder seus postos de trabalho para a Inteligência Artificial. Embora esta possibilidade pareça um tanto distante para alguns, para outros ela está à porta. No caso dos artistas plásticos e designers em especial temos acompanhado uma crescente preocupação neste sentido.
À princípio desenvolvida para ser uma ferramenta auxiliar para artistas, no sentido de fornecer referências e exemplos de técnicas incríveis que levariam anos para ser desenvolvidas, a verdade é que os trabalhos feitos por IA tem se mostrado aceitáveis o suficiente para que empresas jornalísticas e de propaganda recorram direto aos aplicativos de produção de imagens, sem passar pelo crivo de um profissional da área, com resultados tecnicamente discutíveis até certo ponto, mas com boa aceitação do público em geral.
Como de hábito, quando a novidade agrada ao público mas afeta negativamente os lucros de uma parte da sociedade, os diretamente atingidos iniciaram uma contraofensiva apelando a rótulos desabonadores, tentando criar alguma falácia que possa atingir o sentimento do usuário.
À princípio apelaram para o slogan "IA não é arte", mas desistiram ao perceber que o público está pouco se lixando para quem quer classificar o que é e o que não é arte. Se é bonito e agrada ao gosto da maioria é arte, então a discussão se encerra em si mesma.
O crescimento entusiasmado, não só do uso, mas da aceitação de trabalhos produzidos por IA, fez com que resolvessem mudar o espantalho para "estão roubando nossa arte". Este sim parece ter o apelo emocional necessário para ser considerado e muitos artistas famosos ou não o tem abraçado.
Inteligências generativas, assim como a maioria dos artistas, não criam a partir do nada. Qualquer sistema minimamente inteligente baseia suas criações utilizando referências do que já foi produzido e teve aceitação geral do público. Nada se cria tudo se copia, já dizia o Chacrinha.
Com o advento da internet, artistas ávidos por visibilidade que atraia contratos, disponibilizam amostras de seus trabalhos nas redes sociais, dando com isso vasto material de referência para ser explorado pela Inteligência artificial na criação de novos trabalhos. E vamos combinar que o que tem sido publicado por artistas modernos em suas redes sociais no geral está bastante abaixo da qualidade do material produzido pela Inteligência Artificial. Os trabalhos da IA geralmente são inspirados nos grandes mestres do passado, onde encontramos material de melhor qualidade técnica que o produzido hoje em dia.
A Meta, empresa dona do Facebook e do Instagram divulgou recentemente que pretende utilizar o material publicado por artistas em suas plataformas para desenvolver sua própria Inteligência Generativa de imagens. Os artistas resolveram abrir uma ofensiva contra a iniciativa da empresa, promovendo um movimento de boicote contra a Meta ao criar sua própria rede social onde trabalhos de Inteligência Artificial são proibidos.
O Cara.app parece uma excelente resposta contra a intenção da Meta, mas tem um problema com o qual os artistas terão de lidar: a Meta é a líder em redes sociais e concentra a maioria das pessoas que utilizam a internet atualmente, enquanto o Cara.app ainda é um aplicativo utilizado quase que exclusivamente por artistas insatisfeitos com a Inteligência Artificial.
O desejo de todo artista é estar aonde o povo está. E esse lugar, pelo menos por enquanto, ainda não é o Cara.app.
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