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Bem vindo à Forja. Vamos falar de Política. A isentosfera está descendo do muro.
Na guerra declarada entre Elon Musk e o Ministro Alexandre de Moraes escapa à percepção de muitos o posicionamento dos chamados "isentões". Há quem acredite que a treta se refira apenas a mais uma disputa entre o petismo e o bolsonarismo mas, se prestarem atenção em como se comportam os que se diziam neutros nas eleições de 2022, os nem-nem, que diziam não querer nem Bolsonaro nem Lula mas validaram a cartinha da "democracia", notarão o comportamento recorrente que entrega a verdadeira identidade da dita isentosfera.
Quando Bolsonaro foi eleito em 2018, antes de derrotar ao PT no segundo turno, ele destroçou o PSDB. O partido de Geraldo Alckmin recebeu menos de 5% dos votos no primeiro turno, o que o colocou na galeria dos partidos nanicos, atrás até do PDT de Ciro Gomes.
Isso decepcionou a todos os que sonhavam com o PSDB finalmente reassumindo o protagonismo no cenário político, depois da série de derrotas infligidas pelo PT.
Não tinha como falhar. Lula estava preso por corrupção e Dilma Roussef acabara de sofrer o impeachment cujo processo foi liderado por simpatizantes declarados do PSDB. Mas Bolsonaro fez dar tudo errado.
Por isso eles nunca vão perdoar Jair Messias Bolsonaro. Preferiram a volta de Lula ao poder, contra quem eles tinham um histórico de disputas aparentemente apertadas, do que Bolsonaro que lhes havia imposto uma vergonhosa derrota. Bolsonaro é alguém contra quem eles não tem nenhuma chance.
Foi aí que começou o plano para retirar o que eles chamam de "bolsonarismo" do páreo.
Primeiro precisavam formar uma base eleitoral que pudesse encarar o conservadorismo liderado por Bolsonaro, e o PSDB não tinha mais esta base. Só nos currais eleitorais do PT se encontrariam os que pudessem assumir esta frente. Foi assim que deliberaram livrar Lula da cadeia e torná-lo elegível, assumindo que agora tinham um inimigo em comum, contra o qual deveriam unir suas forças.
Manobraram para que Geraldo Alckmin entrasse na chapa de Lula como vice, para que ele assumisse assim que os dois, Bolsonaro e Lula, fossem tirados do caminho, para então pavimentar a volta triunfal do moribundo PSDB.
Mas as investidas de Elon Musk, ameaçando expor os Ministros do STF responsáveis por colocar em prática o plano, podem soterrar de vez as chances do ressurgimento do PSDB. A isentosfera está assustada, com muita razão. Se Alexandre de Moraes cair, acabou tudo. Todo o plano vai por água abaixo.
Por isso eles estão dizendo quase em uníssono que não se deve torcer pelo impeachment de Alexandre de Moraes, que o afastamento do Ministro pode ser pior, porque Lula vai nomear outro para o lugar dele e isso o tornará mais forte. Eles estão se vendo obrigados a descer do muro para defender Alexandre de Moraes.
Só numa coisa eles tem razão. Lula está adorando tudo isso. Com a queda de Alexandre de Moraes o trato para deixar o caminho livre para o PSDB em troca da liberdade perderá a validade. Lula estará definitivamente livre para lutar por se manter no poder, sem a ameaça velada de voltar para a cadeia que paira agora sobre sua cabeça.
Os conservadores que desejam a volta de Bolsonaro não estão nem aí para os apelos desesperados dos falsos isentões e querem mesmo o impeachment de Moraes. Seja quem for que Lula possa indicar para o lugar dele, virá com muito mais cuidado, porque se até o poderoso Alexandre pode sofrer um impeachment, qualquer um depois dele também pode.
A isentosfera que apostou todas as fichas na armação para trazer o PSDB de volta à vida, está vendo tudo ruir, na medida em que Elon Musk ameaça tornar pública todas as fases do plano quase infalível, que envolveu o cerceamento da liberdade de expressão de todos os que tentaram denunciar o que estava acontecendo e a perseguição implacável contra quem não concordou com as arbitrariedades cometidas em nome de uma democracia que só admite a vitória de um lado.
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