Ouça a Narração
Bem vindo à Forja. Vamos falar de Injustiça. A extinção da Lava-Jato.
É curioso que nenhum Ministro do STF quis aparecer na foto que ilustra este texto. Talvez sejam supersticiosos e acharam de mau agouro estar junto das principais autoridades políticas na época no velório do colega. Ou só tiveram medo mesmo. Medo do que, nunca saberemos.
Para não ser injusto com todo o STF, pesquisando as diversas fotos do velório de Teori Zavaschi podemos encontrar em algumas delas a Ministra Carmem Lúcia, que muito discretamente podia ser vista junto aos familiares do falecido.
Teori Zavaschi foi o primeiro na condição de Juiz da Lava-Jato a cair (literalmente). Depois dele quem caiu (agora figurativamente) foi o ex-Juiz Sérgio Moro que teve todas as suas sentenças anuladas e foi considerado suspeito no caso do julgamento de Luís Inácio. E ainda corre o risco de ter seu mandato como Senador cassado em julgamento que deve ocorrer no TSE.
Junto com esses dois caiu também a Lava-Jato que, além de ter todas as investigações revistas e a história reescrita para vitimizar os investigados e réus confessos condenados, foi transformada na grande vilã da derrocada econômica que aconteceu durante o governo da Dilma Roussef e levou ao seu impeachment.
Como derradeiro ato de desconstrução da maior operação contra a corrupção da história recente na América Latina, Luís Felipe Salomão, que é corregedor no STJ, decidiu punir cautelarmente a Juíza que substituiu Sérgio Moro na Vara Federal de Curitiba e também condenou Luís Inácio no caso do sítio de Atibaia. Além dela foram afastados os desembargadores do TRF-4, a segunda instância que confirmou todas as condenações de Luís Inácio e o atual Juiz responsável pela Vara de Curitiba.
Tudo isso tem acontecido porque precisam de todas as maneiras justificar a anulação das condenações de Luís Inácio para que ele, usando o inabalável culto à pessoa que mantém os currais eleitorais do Partido dos Trabalhadores, derrotasse o conservadorismo de Jair Messias Bolsonaro trazendo de volta a velha (e falsa) polarização entre o PT e o PSDB onde todos ganhavam e ninguém perdia.
Ao mesmo tempo a operação de caça implacável aos responsáveis pelas condenações de um reconhecido corrupto, que deixou durante seu governo que se montassem no país os dois maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia, criam um enorme problema à narrativa de que foi Jair Bolsonaro quem acabou com a Lava-Jato.
Mais de um ano depois da saída de Bolsonaro do governo fica evidente que não era ao ex-presidente que interessava enterrar a Lava-Jato. Até muito pelo contrário, ele tem sido um dos mais prejudicados, junto com todos os juízes que validaram as provas apresentadas pelo Ministério Público ao longo da operação.
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