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POLÍTICA - A GUERRA NA UCRÂNIA

 Quem será o maior derrotado no conflito na Ucrânia? Haverá vencedores? O que dizem os especialistas?

A refundação da União Soviética

Hoje, dia 15 de março de 2022, se completa o vigésimo dia de uma guerra que nas previsões mais pessimistas de Vladimir Putin não deveria durar mais do que dois dias. Segundo o plano, a Rússia iniciaria sua ofensiva contra a Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o "palhaço oportunista", fugiria para pedir asilo em qualquer país europeu e tudo estaria acabado antes que a Comunidade Internacional se desse conta da gravidade do que está acontecendo no leste europeu. Mas Zelensky contrariou as expectativas e tem resistido, conclamando os civis a se juntar a ele na luta contra o invasor. Ao mesmo tempo civis dentro da própria Rússia se manifestam contra o que consideram um ataque injustificável contra seus próprios parentes mais próximos. A balança pende para o lado da Rússia, pela força desproporcional de seus exércitos mas, independente do resultado desta guerra, Vladimir Putin já é o maior derrotado nesta história.

Vladimir Putin vê o sonho da volta da União Soviética como a resposta à expansão da União Europeia, a ascensão da China e a manutenção dos Estados Unidos como principal potência mundial em termos econômicos e de poderio militar. A Rússia de Vladimir Putin não se conforma em ser relegada ao papel de coadjuvante no atual cenário político mundial. Ele quer reassumir o protagonismo dos tempos de glória da antiga União Soviética, agora em outros termos. Uma união de quinze países sob a égide do Capitalismo de Estado criado e defendido por Putin, único capaz de enfrentar de igual para igual o imperialismo americano

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Especialistas de TV dizem que é um absurdo acusar Putin de querer ressuscitar a União Soviética, quando "ele mesmo disse que isso nunca esteve em seus planos". Acreditam (?) na palavra do homem que fez um discurso poderoso no Conselho de Segurança da ONU defendendo a independência das repúblicas democráticas em 2007 e invadiu a Geórgia no ano seguinte, o mesmo Putin que já havia anexado a Chechênia em 1999 pondo um aliado seu no governo, o homem que apoiou Alexander Lukashenko no golpe de 2020 que garantiu a permanência do ditador na Bielo-Rússia e agora lhe cobra o favor. Vladimir Putin disse certa vez que não existe um ex-KGB e, como um agente treinado pela alta espionagem, mente até hoje para garantir o resultado de suas empreitadas.

Especialistas de TV são só desempregados e aposentados fazendo "bico" e dirão qualquer coisa que quiserem que eles digam, se forem bem pagos.

Putin mentiu quando simulou no dia 18 de fevereiro a retirada total das tropas russas da fronteira de Donbass, enquanto o grosso de seu exército se deslocava através da Bielo-Rússia para iniciar sua investida definitiva contra a capital ucraniana com o objetivo claro de depor o Presidente ucraniano. Mente quando diz que os acordos de paz não avançam por culpa de Zalensky, quando na verdade os termos da negociação propõem a rendição incondicional da Ucrânia, com  a entrega dos territórios já invadidos pela Rússia e a total desmobilização de todas as Forças Armadas ucranianas. Isso significaria na prática a anexação da Ucrânia pela Rússia, principal objetivo de Putin desde 2014, quando invadiu e tomou a República da Criméia.

Desde a anexação da Criméia, o governo russo segue a mesma estratégia de ocupação, fomentando e armando agentes separatistas infiltrados entre os ucranianos, promovendo ações terroristas a fim de desestabilizar o governo e causar insatisfação na população. A maior prova do envolvimento russo viria em janeiro de 2015, quando os terroristas retomaram o controle do aeroporto de Donetsk usando armamento pesado de última geração ao qual não poderiam ter acesso sem que uma grande potência militar lhes facilitasse o acesso.

Com base nesta grave acusação, Petro Poroshenko, então Presidente da Ucrânia, solicitou a intervenção internacional através das forças da OTAN pela primeira vez, para se proteger do que era de fato a continuação ofensiva russa em solo ucraniano, no que foi solenemente ignorado.

A Ucrânia é o segundo maior dentre os quinze países que compunham a antiga União Soviética, tanto em termos territoriais, como organizacionais e econômicos. Para Putin o domínio do território ucraniano pode colocar em cheque qualquer tentativa de resistência por parte dos demais países menores, caso ele resolva anexá-los também. Por outro lado, se a Ucrânia conseguisse o apoio da OTAN em 2015, poderia incentivar aos outros a fazer o mesmo, isolando a Rússia e acabando de vez com os sonhos de se reerguer o bloco soviético.

Os especialistas que defendem as mentiras propagadas pela contra inteligência russa e culpam aos Estados Unidos e a OTAN pelo que está acontecendo na Ucrânia fingem não ver as bandeiras da antiga União Soviética tremulando nos tanques russos e bielorrussos e sendo hasteada nas construções ocupadas pelas forças invasoras. Putin direciona seus discursos às centenas de admiradores no ocidente que gostariam de ter ao seu lado um líder com suas qualidades, em vez dos fracos que lideram a União Europeia e os Estados Unidos hoje. E esses por sua vez disseminam as mentiras de Putin através de uma mídia cada vez mais corrompida por seus interesses comerciais.

Não que o posicionamento destes "especialistas" mude a situação crítica em que se encontra a Ucrânia, pricipalmente agora que o ditador da Chechênia declarou que vai se juntar a Putin e ao ditador da Bielo-Rússia na investida final contra Kiev. O destino da Ucrânia já está determinado e nada mais pode ser feito para mudar isso.

Qualquer ajuda vinda da Comunidade Internacional agora chegaria com oito anos de atraso e as consequências de uma intervenção tardia, dessa magnitude, poderia levar a consequências imprevisíveis que devem ser evitadas à todo custo. Mesmo ao custo do sangue de milhares de inocentes.

Os vinte e poucos dias de resistência da Ucrânia só nos deixa uma certeza. A arrogância de Putin foi derrotada, Ele não é mais o líder que os soviéticos viam. Em vez disso, eles o veem agora como o agente frio do KGB que nunca deixou de ser, capaz de infligir o sofrimento ao seu próprio povo em prol de seus delírios de grandeza. A história o julgará no futuro próximo como aquele a quem o irmão lhe pediu pão e ele lhe estendeu uma serpente, como contado na parábola cristã.

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