A trajetória do temido e respeitado líder da Rússia, que governa o país há 21 anos
Pesquisas feitas em todos os países que compunham o Bloco Soviético durante a chamada Guerra Fria mostram que em média a metade da população destes 15 países (Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia, Uzbequistão, Cazaquistão, Geórgia, Azerbaijão, Lituânia, Moldávia, Letônia, Quirguistão, Tajiquistão, Armênia, Turcomenistão e Estônia), principalmente entre os cidadãos mais velhos, gostaria de voltar aos tempos em que a simples menção do nome União Soviética assustava aos líderes do ocidente.
Vladimir Putin nunca se manifestou oficialmente sobre sua posição em relação a este assunto, mas há fortes indícios de que ele faça parte deste grupo saudosista, com uma diferença crucial: ele é o único que acredita que pode ressuscitar a grandeza da União Soviética sob o comando da "Mãe Rússia".
O primeiro indício de que Putin esteja entre os que desejariam o reerguimento da antiga União Soviética é quase imperceptível para a maioria. As biografias oficiais dele divulgadas pela propaganda partidária russa sempre se referem a Leningrado como sua cidade natal, sendo que o nome da cidade mudou para São Petersburgo já há 31 anos, quando a União Soviética ruiu.
Putin também se referiu com certo ressentimento à condução dos assuntos políticos e econômicos da antiga União Soviética sob o regime comunista, os quais culminaram na desintegração do Bloco, dando a entender que a União Soviética ainda poderia existir até hoje, se tivessem agido de outra forma.
Recentemente vídeos mostram a movimentação de tropas russas ostentando a bandeira da antiga União Soviética na região da Ucrânia invadida por ordem do Presidente russo.
Em agosto de 1991, seis meses antes da oficialização do fim da União Soviética e em meio a tentativa de golpe contra o processo de democratização, ele deixou a KGB seguindo orientação de seu amigo e principal mentor político Anatoli Sobchak. No entanto, quando alguém se referiu a ele como ex-Oficial do KGB, ele respondeu que não existe coisa tal como um ex-KGB.
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Neste ponto é importante frisar que é errado confundir a Rússia com a União Soviética e seu regime comunista. Embora a Rússia fosse o maior e o mais importante país do bloco por concentrar a sede do governo e toda a administração pública, era só um dos 15 países que formavam a União Soviética. Para todos os efeitos a União Soviética (URSS) não existe mais desde 1991. O segundo país em importância e tamanho no bloco era a Ucrânia, e logo veremos a importância disso para os acontecimentos recentes.
Mas vamos a história oficial da trajetória de Vladimir Putin.
Vladimir Putin formou-se em direito no ano de 1975 pela Universidade Estadual de Leningrado e neste mesmo ano entrou para o treinamento do KGB, galgando rapidamente ao cargo de Diretor do Serviço de Contra Inteligência Russo sediado em sua cidade natal. Fez então o curso de especialização em inteligência estrangeira em Moscou e no ano de 1985 foi promovido a Major de Justiça, sendo designado para chefiar o Departamento de Fronteiras em Dresden, na Alemanha Oriental onde permaneceu até a queda do muro de Berlin, retornando a Moscou em 1989 com a patente de Tenente Coronel.
Durante a tentativa de golpe de estado contra o então Premier Supremo da União Soviética Mikhail Gorbachev, Putin foi aconselhado a sair do serviço do KGB e ingressar na carreira política por seu amigo e ex-professor na faculdade, o então Presidente do Conselho Municipal de Leningrado Anatoli Sobchak, que já antevia a derrocada final da URSS e o consequente desmantelamento do Conselho Nacional de Segurança Soviético que aconteceu em dezembro de 1991.
Impulsionado por Sobchack, que vencera as eleições para Prefeito de São Perterburgo, Putin se tornou vice-Prefeito em 1994, se ocupando da área de investimentos e relações com empresas estrangeiras e iniciativas mistas. Em 1996 Sobchack foi derrotado nas eleições e Putin se mudou para Moscou onde ocupou cargos próximos ao Presidente da Rússia Boris Ieltsin até ser designado Diretor do Serviço Federal de Segurança Russo em 1998, quando então pode colocar sua experiência como agente do KGB a serviço da Rússia, chegando ao cargo de Secretário de Segurança em março de 1999. Em agosto daquele mesmo ano, Ieltsin nomeia Putin como Primeiro Ministro. Ieltsin abdica inexplicavelmente da Presidência da República e Putin assume como Presidente interino por dois anos, até ser efetivado na eleição de março de 2000 pelo Partido Rússia Unida.
Vladimir Putin já governa a Rússia por 22 anos desde então. O intervalo entre 2008 e 2012 não conta, uma vez que Putin, não podendo se candidatar pela terceira vez elegeu Demitri Medevedev que o nomeou seu Primeiro Ministro até ser novamente eleito em 2011, quando mudou o período do mandato para 6 anos. Reeleito em 2017 com 76% dos votos, Putin não poderia se candidatar novamente, mas conseguiu mudar a Constituição Russa para que possa se candidatar a reeleição por mais duas vezes vezes, o que significa que seu governo pode se estender até 2036.
No campo ideológico Putin expressou suas ideias no que ficou conhecido como o "Manifesto do Milênio" publicado por Putin em 1999, pouco antes de Boris Ieltsin renunciar e nomeá-lo Presidente interino. Porém de lá para cá muitas das ações de Putin tem se mostrado diferentes do que ele escreveu há 23 anos, senão diretamente contrárias.
No nosso próximo artigo consideraremos as ações de Putin no campo das relações internacionais, especialmente em relação aos países que formavam a antiga União Soviética e o atual conflito entre a Rússia e a Ucrânia..
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