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ECONOMIA - PETROBRÁS, PROCURA X DEMANDA E A INFLAÇÃO

A inflação gera o aumento de preços, mas nem todo aumento de preço é inflação

Demanda

 Em economia é errado falar de inflação com base apenas no aumento de preços. Os altos preços são uma consequência nefasta da inflação, mas nem sempre estão diretamente ligados a ela. Tomemos, por exemplo, o preço do ouro que é sempre comparativamente alto, não importa a situação econômica do país. Ou o preço de um carro de luxo feito em baixa escala de montagem. Preços seguem uma ordem implícita no mercado que convencionamos chamar "Lei da Oferta e da Procura". Quanto mais raro ou difícil de obter é um bem de consumo, mais caro e precioso ele se torna. E esta "Lei" do mercado vale tanto para o ouro quanto para o arroz com feijão, ou para os combustíveis. O preço é um índice de regulação do mercado. Quando há escassez, teoricamente somente os que precisam muito de um bem deveriam comprá-lo. Mas se todos insistem em comprar mesmo em tempos de escassez, o preço aumenta, freando o consumo para que o bem não falte no mercado.


Já inflação ocorre quando há grande quantidade de moeda em circulação, o que por sua vez promove o consumo desenfreado e a consequente escassez que leva ao aumento de preços. Se há pessoas em situação de penúria e o acesso ao dinheiro é dificultado, como quando há desemprego generalizado e fuga de investidores, não há razão para se falar em inflação como motivo real para o aumento de preços. A causa mais provável em casos assim está na mesma razão que mantém o preço do ouro entre os itens mais caros do mundo: a "Lei da Oferta e da Procura".

É o quê está acontecendo agora com o preço dos combustíveis no Brasil. A escassez devido primeiro à redução da capacidade produtiva nas refinarias por causa da pandemia e, mais recentemente, à Guerra na Ucrânia que envolve o segundo maior fornecedor mundial de petróleo tem obrigado as empresas de refino de combustíveis a aumentar seus preços, a fim de regular o consumo para que os combustíveis não faltem às atividades essenciais que dependem deste insumo, como os hospitais com suas ambulâncias, os sistemas geradores de energia, o transporte público e de cargas, etc. Enquanto as pessoas fizerem fila para comprar combustíveis, o objetivo do aumento não será atingido, e o mercado continuará a aumentar os preços até que o consumo diminua.

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Se, como querem alguns, o governo interferir na capacidade natural de auto gerência do mercado, seja injetando mais dinheiro no mercado (e aí sim, teremos inflação) ou forçando artificialmente a queda dos preços, represando os aumentos ou subsidiando parte do que é cobrado para que as pessoas continuem a consumir, podemos chegar a um ponto em que ninguém mais terá onde comprar combustível porque a capacidade de produção do mercado terá se esgotado.

Imaginemos agora um mundo ideal em que apenas os que necessitam do combustível para a própria subsistência, ou para a subsistência de terceiros que deles dependam, estivessem dispostos a pagar os preços elevados. Onde não se usasse o combustível somente por uma questão de capricho ou de comodidade. A tendência natural seria que os preços despencassem até um patamar equilibrado, mais próximo da realidade pela qual passamos no momento, trazendo para baixo também os preços de outros bens que dependem dos combustíveis, como a energia, os produtos provenientes dos meios de transformação que usam combustíveis fósseis, os transportes públicos e os alimentos.

Mas esta ideia se torna cada vez mais utópica, na medida em que fomos convencidos de que carros à gasolina são tão imprescindíveis à vida humana quanto ter um i-Phone, ou ter o último lançamento de uma empresa famosa do vestuário. Estamos sendo cada vez mais influenciados por demandas artificiais, criadas por gênios do marketing, ao ponto de nos perguntarmos todos os dias como nossos avós sobreviveram sem o que temos a nossa disposição hoje.

Seria necessário um gigantesco trabalho de reeducação das pessoas sobre a necessidade de se controlar esta compulsão pelo consumismo desenfreado, entendendo as mensagens que o mercado nos passa quando há uma oscilação dos preços. Um trabalho que não interessa a ninguém no mundo dos negócios. E tão pouco interessa a quem já está habituado a correr para os postos pra encher os tanques, sem entender que este comportamento acaba por impactar no final da cadeia produtiva, repercutindo na mesa de toda a sociedade e afetando principalmente as camadas mais pobres. E continuaremos a reclamar que o Governo não faz nada para ajudar.
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