Michel Temer não deve ser subestimado no cenário político. Quando ele fala todos prestam atenção
Em 2002, quando Fernando Henrique Cardoso deixou a presidência por conta do fim de seu segundo mandato, José Sarney, ex-presidente e líder proeminente do PMDB, deu como certa a indicação de Roseana Sarney como candidata à presidência pelo PMDB. Roseana seria a primeira mulher a disputar as eleições presidenciais com chances reais de ser eleita. Mas o PMDB tinha outros planos.
José Sarney não ficou nada satisfeito de ver o nome de sua filha ser preterido pelo partido e decidiu apoiar ao candidato do PT, Luiz Inácio da Silva, trazendo com ele a forte bancada do nordeste. Lula, depois de eleito, ofereceu mundos e fundos, muitos fundos via Mensalão, em troca do apoio total do PMDB e não só de José Sarney.
Nascia ali uma parceria que duraria 13 anos, até Michel Temer, vice-presidente do governo Dilma se sentir excluído das decisões do governo. Aconteceu o impeachment de Dilma Rousseff e Temer foi alçado ao cargo maior do Poder Executivo, exercendo a Presidência da República interinamente por dois anos.
Após isso Jair Messias Bolsonaro foi eleito Presidente e Michel Temer voltou a exercer a função na qual se sente mais confortável: a de eminência parda por trás dos governos, articulando e consolidando alianças. Michel Temer faz questão de se manter longe dos holofotes da mídia, no entanto por seu carisma e profundo conhecimento dos meandros da política brasileira, é muito respeitado no meio político.
De repente, em meio a uma das maiores crises institucionais da história, eis que o nome de Michel Temer emerge das sombras, para ser apontado como o principal responsável pela administração da crise. Michel Temer não é só um político com boa tramitação entre os políticos. Ele é um jurista respeitado e um dos poucos remanescentes entre os que redigiram a Constituição de 1988, senão seu principal mentor. Não é pouca coisa.
Se há alguém vivo que conhece muito bem o espírito da nossa Constituição, esse alguém é Michel Temer. Ele não caiu de paraquedas no meio desta crise e os principais envolvidos fazem muito bem em ouvir o que ele tem a dizer sobre o que está acontecendo.
Como sempre, provavelmente Michel Temer voltará ao seu aparente ostracismo depois de debelado mais esse litígio que abala a República, mas jamais será esquecido, ou mesmo menosprezado, por quem acompanha de perto o jogo político.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu Comentário será respondido em breve.