Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam mais
Na medida em que as redes sociais se desenvolveram, aumentou as cobranças por um posicionamento político e ideológico, tanto das pessoas umas com as outras nos seus relacionamentos virtuais, quanto para com artistas nas suas relações com o público.
Entre os artistas, há aqueles que podem manter um staff pago exclusivamente para filtrar informações e fabricar posturas para seus perfis perante praticamente cada evento que comove a opinião pública, muitas vezes guiados por uma agenda que se diga politicamente correta.
Alguns cometem o erro de entregar a assessoria a amigos de longa data que compartilham da mesmas experiências de vida e que, por conseguinte, possuem a mesma visão fechada de mundo, coincidindo nos mesmos conceitos e preconceitos, muitas vezes desprovidos de algum conhecimento sobre os assuntos abordados.
Os que não pagam equipes de "personal opinadores", seja porque não querem ou por não poderem, se sentem compungidos pela atual circunstância a se mostrarem antenados perante um público exigente por um posicionamento e caem na armadilha de manifestar opiniões fora da competência de suas formações acadêmicas e profissionais. Acabam por enfiar os pés pelas mãos sem nenhum constrangimento.
O público atento às manifestações de seus ídolos começa a perceber que fora do âmbito de suas atuações, sobretudo no caso de alguns atores, atrizes e cantores, os artistas podem se mostrar bastante medíocres intelectualmente. Acostumado a confundir o caráter e a inteligência das personagens com as de seus intérpretes, parte do público tem demonstrado com muita razão um sentimento de perplexidade.
Atores e cantores em sua maioria não passam de papagaios a declinar os textos de terceiros, pelo uso de técnicas que visam decorar as palavras e não absorver qualquer conhecimento contido nelas. São capazes de recitar peças inteiras de Shakespeare ou interpretar uma composição de Pixinguinha com uma carga de emoções fabricadas, sem necessariamente compreender o sentido do que está sendo dito ou cantado. Não são pagos para entender. Não é este o trabalho deles.
Daí que, quando se metem a emitir opiniões sobre questões polêmicas, fora da caixinha de suas experiências pessoais e além de sua educação formal, falham desgraçadamente e decepcionam seus fãs com manifestações que demonstram baixo quociente de inteligência e por vezes total alienação sobre o que pretendem opinar. Fenômeno agravado pela empáfia de alguns que se acreditam realmente formadores de opinião e estranham quando "pessoas comuns" ousam apontar a nudez de suas ideias.
A liberdade de expressão garante o direito a opinião a todos quantos queiram se manifestar. No caso dos artistas, até por uma questão de auto-preservação da imagem e do respeito conquistado pela classe artística, melhor seria se calassem.
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