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Política - O Fenômeno das Abstenções

Para 28 milhões de eleitores o movimento "Diretas já" pode ter sido um erro

abstenções

Nove cidades tiveram índice de abstenção maior do que 30%. No Rio de Janeiro, o número de abstenções foi maior do que os votos do segundo colocado. Em todo o Brasil a abstenção chegou a somar 17,6% do eleitorado. Ou seja, 28 milhões de eleitores deixaram de comparecer à Zona Eleitoral no dia da eleição. Abstenção é diferente de quando o eleitor comparece e usa a urna para anular seu voto ou faz valer a opção de votar em branco.
Em São Paulo, João Dória ganhou no primeiro turno, mas sua votação foi numericamente menor do que as abstenções somadas aos votos brancos e nulos. O mesmo aconteceu em mais 11 capitais, onde os vencedores tiveram menos votos do que o total de abstenções, votos brancos e nulos.

Quando se analisa o fenômeno da abstenção, não se pode deixar de considerar os casos chamados de não voluntários. Como por exemplo, o número de eleitores que morreu e a família deixou de comunicar à justiça eleitoral. Ou de pessoas que mudaram de cidade mas não atualizaram o domicílio no cadastro, ou que estavam viajando, e vão justificar a ausência oportunamente.

17,6% das pessoas aptas a votar preferem fazer outra coisa no dia das eleições

Mesmo assim 17,6% de eleitores ausentes naquilo que já foi chamado de "a festa da democracia" é um dado que merece uma análise mais profunda. Afinal o movimento das "Diretas Já" foi concebido pela ideia de que as pessoas queriam ter o direito de escolher seus representantes. E se hoje há uma geração que se recusa a usar este direito, trocando-o pelo direito de não votar, é porque algo pode estar muito errado na democracia.

A começar pela indicação de que a maioria dos que não comparecem à zona eleitoral, excluindo os casos lembrados acima, podem estar deixando de votar por rejeitar os candidatos que lhes são apresentadas durante o período de campanha. Pode-se seguir por esta via quando há poucas opções, mas é um pouco mais difícil concordar totalmente quando há uma maior oferta de candidatos para agradar a praticamente todos os gostos e ideologias.

Os grandes meios de comunicação tem difundido a ideia errada de que a abstenção tem crescido exponencialmente a cada processo eleitoral. No entanto, observa-se que no segundo turno das eleições presidenciais em 2014, quando haviam apenas dois candidatos, o número total de abstenções foi da ordem de 19,4%. Agora, quando havia um maior número de candidatos em cada cidade, o número de abstenções no âmbito nacional foi menor.

Isso significa que no primeiro turno deste ano compareceram mais eleitores às urnas do que no segundo turno de 2014. Mas quando tomamos apenas as principais capitais separadamente, isso contribui para a sensação de que houve um aumento. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a abstenção foi de 20,5% em 2014 e este ano as abstenções chegaram a 21,8%, ainda assim se mantendo dentro da media histórica desde que as eleições gerais foram aprovadas.

Há também o raciocínio que credita a abstenção nos grandes centros ao maior acesso a informação. Teoricamente o eleitor, sabendo que a multa não é tão pesada, prefere arcar com esta despesa do que se dar ao trabalho de comparecer a zona eleitoral.

Um hipotético faxineiro citado numa reportagem teria justificado sua ausência à Zona Eleitoral dizendo que, com o que ele iria gastar na passagem de ônibus, poderia pagar a multa por deixar de ir votar. O raciocínio é falho pelo menos num ponto. Agora ele vai gastar a passagem mais o valor da multa. Antes só gastaria a passagem. Mesmo assim, ao menos aparentemente, a abstenção ainda sairia barato.

Mas o que verdadeiramente pode ter contribuído para o relativamente alto número de abstenções, quando se leva em consideração o caso das principais capitais, seriam as mudanças na legislação eleitoral. A diminuição do tempo de campanha com a consequente diminuição da exposição dos candidatos menos conhecidos do eleitorado acaba por criar polêmicas em torno de alguns poucos candidatos devido a ação imediata da militância cativa, disposta a apoiar qualquer candidato que um partido indicar. Isso faz parecer aos eleitores que o número de opções é menor.

Temos o exemplo claro da candidatura de Carlos Osório do PSDB. Enquanto uma parte do eleitorado discutia em torno da polarização entre o conservadorismo teoricamente representado pelo Crivella de um lado e os representantes dos partidos declaradamente comunistas, com Freixo, Molon e Jandira do outro lado, tendo ainda no meio o candidato indicado pelo atual Prefeito do Rio, houve quem se surpreendesse ao saber que o PSDB tinha um candidato próprio para a prefeitura do Rio de Janeiro. No entanto a campanha de Carlos Osório só deslanchou no final, quando não havia mais tempo para um trabalho melhor de conscientização do eleitorado sobre seu projeto.

A abstenção no Rio de Janeiro e em outras capitais pode sim ser considerada como uma rejeição aos candidatos. Mas somente em relação aos candidatos envolvidos nas polêmicas midiáticas, desconsiderando o leque maior de opções disponíveis, que não tiveram oportunidade de trabalhar melhor seu programa de governo junto aos eleitores.

Isso poderia ser resolvido com mais tempo de campanha, aumentando igualmente a visibilidade de todos os candidatos na disputa. Ainda que não resolvesse o problema das abstenções, que como vemos pode ser mais complexo do que parece. Mas poderia ser um bom começo, se houvesse esse interesse da parte do TSE.
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