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Jornalismo - Vazamentos Seletivos

Vazamentos sobre investigações já prestaram um grande serviço a operação Lava-Jato

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Já foi falado aqui sobre a necessidade de haver uma melhor colaboração entre o jornalismo investigativo e a polícia. O que há no Brasil é uma espécie de competição, uma guerra não declarada, da imprensa contra os órgãos de públicos, que incluem todo o sistema policial e o aparato do Estado.

 Quando a imprensa publica informações sigilosas sobre os inquéritos policiais, passa à população a impressão de que a polícia não está fazendo seu trabalho e que nada aconteceria se os jornalistas não publicassem o que tem sido descoberto e para além disso atrapalha o andamento das investigações. 

É preciso que os jornalistas se imponham limites entre o dever de informar ao cidadão e o que pode ser interpretado como obstrução da justiça.

O Ministério Público e a Polícia Federal veio a público dizer que o vazamento de informações ligadas a 24ª fase da Operação Lava-Jato antes mesmo que ela fosse deflagrada atrapalharam a condução dos inquéritos policiais. E que se perderam oportunidades de elucidação de fatos essenciais ao andamento das investigações.

É mesmo possível que o objetivo de todo o dispendioso aparato montado para a operação da última sexta feira tenha se perdido. Todos os envolvidos nos mandados expedidos pela justiça pareciam saber das intenções das equipes policiais. O que lhes permitiu destruir e ocultar provas que pudessem ser encontradas nos locais verificados se o sigilo tivesse sido mantido.

Seria leviano afirmar que os vazamentos tenham sido propositais nesse sentido, mas há uma equipe da Polícia Federal destacada especificamente para investigar esta possibilidade, com vistas inclusive a enquadrar os responsáveis sob a acusação de crime de espionagem. O direito a liberdade expressão amplamente suscitado pelos jornalistas na defesa de seu trabalho de informar aos cidadãos esbarra no dever do cidadão que exerce o jornalismo por profissão em cumprir a lei. E é ilegal publicar informações protegidas pelo segredo de justiça. É crime divulgar informações sigilosas.
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Nunca é demais lembrar do exemplo internacional, quando a colaboração estrita entre jornalistas investigativos e a polícia federal culminaram no processo de impeachment de um presidente norte americano. Todo o povo norte americano se mostrou satisfeito com as informações que recebeu do caso, mas tais informações só foram publicadas quando as investigações estavam avançadas e os implicados já não poderiam fugir de ser responsabilizados.

Vazamentos agora passaram a atrapalhar investigações

O Brasil ainda engatinha na consolidação de suas instituições democráticas, das quais a imprensa é um componente fundamental. É preciso que as instituições governamentais parem de alimentar no imaginário popular a sensação de que o jornalismo seja um instrumento nas mãos dos inimigos do Estado. E que a imprensa representada por seus jornalistas se conscientizem de sua importância e das responsabilidades advindas desse poder persuasor dentro da sociedade.

Quando chegarmos a este ponto, aí sim poderemos dizer que temos uma imprensa realmente livre. Uma imprensa livre dos vícios deletérios de uma sociedade em formação que precisa de uma bússola confiável que a oriente no sentido do bem estar público. Já está passando da hora dos jornalistas entenderem seu papel na história e o assumirem com responsabilidade.
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