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Jornalismo - Maus Exemplos

Na medida em que a crise justifica a demissão de bons profissionais, aumenta o exercício do mau jornalismo.

Professor Karl Hart vítima de fake news
Doutor Carl Hart

"Um passarinho me contou". É com esta justificativa que o jornalista Bruno Ferrari, colunista da Revista Época publicou um artigo em sua coluna "Experiências Digitais". O artigo é ilustrado por uma foto evidentemente tirada no Japão, mas fala de um caso alegadamente ocorrido em São Paulo. A foto é um sinal evidente de que o corpo da matéria foi construído em frente ao computador com ajuda do buscador de Imagens da Google

O artigo não trás referência a um boletim de ocorrências, nem declarações das pessoas envolvidas e sequer cita o direito de defesa dos acusados. Incorre assim numa série de erros que estão se tornando comuns na prática jornalística.

O caso noticiado poderia até mesmo ter ocorrido. Mas na medida em que o repórter faz a defesa reiterada de uma das partes envolvidas em outras de suas matérias veiculadas nesta mesma coluna e em vistas dos erros crassos de apuração jornalística evidenciados na divulgação dos fatos sugeridos, abre-se espaço para que se duvide do teor desta notícia. Pode-se suspeitar que o jornalista agiu de má fé, com a intenção clara de prejudicar a um dos lados citados, atribuindo a eles um modus operandi condenável aos olhos da opinião pública. Isso é muito grave.

Outro caso tão grave quanto dá conta de que um emérito professor norte-americano convidado como palestrante para um seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais no Hotel Tivoli Mofarrej, também em São Paulo, teria sido vítima de atitude racista por parte dos funcionários da segurança do hotel. O que os jornalistas que trataram de "viralizar" a notícia em suas respectivas empresas não contavam é com a disposição de vários brasileiros em contactar o Doutor Carl Hart para lhe manifestar sinceros pedidos de desculpas. A partir daquela, até então estranha, enxurrada de pedidos de desculpas por e-mail e em seu site oficial, o professor tomou conhecimento do "meme" e tratou imediatamente de desmenti-lo. É interessante notar que nem uma linha sobre o teor do assunto tratado no seminário foi escrita.

Vejam ainda que, se cidadãos comuns tinham acesso aos endereços do professor, tanto mais o teriam os jornalistas, ciosos de seus deveres profissionais, em contactá-lo a fim de maiores esclarecimentos sobre caso tão relevante antes de reproduzir a notícia. A iniciativa da correção partiu do próprio professor, sem o que continuaríamos ainda a acreditar no que foi noticiado primeiro. Nenhuma das empresas jornalísticas que embarcaram no sensacionalismo barato tiveram a iniciativa de apurar os fatos como convém à boa prática jornalística.

E assim tem acontecido rotineiramente, sobretudo na cobertura política, onde a preguiça, ou o conluio organizado por má fé, tem orquestrado um serviço reiterado de desinformação mesmo ao cliente que paga acreditando estar recebendo o melhor serviço que a imprensa lhe poderia oferecer. No caso dos pagantes não seria exagero dizer que estejam sendo vítimas de estelionato nesses casos.

A Forja de Hefestos faz questão de esclarecer em sua descrição que não é um site oficial de notícias e que seus colaboradores não são jornalistas formados, no entanto, sempre que possível, se pauta pelos princípios básicos da ética jornalística, na medida em que usa como matéria prima os artigos veiculados pelas agências de notícias do Brasil e do mundo.

A Forja considera preocupante que, enquanto bons profissionais vem sendo demitidos sob a alegação da crise econômica, outros tantos jornalistas de péssima qualidade profissional, mas que certamente configuram uma mão de obra mais barata, sejam mantidos em seus empregos, mesmo com o sacrifício da credibilidade tão arduamente conquistada.
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