Uma imagem pode falar mais do que mil palavras mas nem sempre as pessoas querem ouvir o que ela diz.
"Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o Senhor, em Horebe, falou convosco do meio do fogo;Os hebreus contaram há milhares de anos em seus escritos sagrados sobre como seu Deus se achegou a eles, mediante seus profetas, e os proibiu terminantemente de adorar a imagens. Recentemente tivemos um exemplo contundente do quanto a adoração de imagens pode se tornar tão perniciosa ao ponto de despertar os instintos assassinos do mais pio dos religiosos, dando razão aos profetas.
Para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher."
Fez sucesso nos jornais e por toda a internet a foto da transsexual que "ousou" desfilar na Parada Gay de São Paulo representando uma figura semi nua, ensanguentada e crucificada. Por conta da associação imediata da performance artística com a conhecida imagem da crucificação de Jesus exposta em todas as igrejas católicas a atriz Viviany Beleboni, de 26 anos, sofreu os mais diversos ataques e ameaças por toda a internet vindas até mesmo de não católicos, para quem as imagens usadas na liturgia católica sempre foram alvo de críticas acirradas.
Manipulação política usa a adoração de imagens para deturpar a simbologia artística da apresentação
Em um dado momento um meme com a falsa notícia de que ela teria sido assassinada, mostrando uma foto do que seria seu cadáver encontrado nu com os braços abertos em um terreno baldio, chegou a ser comemorado por cristãos fervorosos. Chegaram ao cúmulo de atribuir o suposto desfecho trágico à interveniência de seu amoroso Deus. "Com Deus não se brinca" bradaram aos sete cantos da internet pelas redes sociais afora. A maioria dos religiosos cristãos deveria estar envergonhada pela reação dos que dizem comungar da mesma fé. Esse Deus que esses muitos (porque foram muitos) dizem adorar definitivamente não é aquele mesmo Deus de amor, da compreensão e da ternura o qual Jesus teria anunciado na Galileia. Se fosse, quiça eles seriam mais tolerantes.
Viviany Beleboni explicou em entrevista que quis com sua representação (sim, ela é atriz) expor o sofrimento e a perseguição a que estão sujeitos muitos homossexuais. Um sofrimento que por vezes chega às vias da execução sumária de pessoas cujo único crime é ser diferente da maioria. Nisso ela viu a analogia dos tantos mártires mortos pela crucificação no passado, entre os quais o Jesus Nazareno certamente é o caso mais conhecido, embora saibamos que ele não foi o único a ser mortificado desta maneira, entre tantas outras formas de martírio que a intolerância humana pode imaginar. Mas quem adora a própria imagem que faz das imagens não pode alcançar a amplitude do tudo que uma imagem pode significar.
A intolerância fala mais alto entre os cegos
Os que idolatram imagens tendem a se apossar de seu objeto, não permitindo que se lhes faça qualquer outra alusão senão aquela que eles convencionaram. E aí reside o perigo da adoração de imagens. Na interpretação do significado da imagem. Quando não se distingue a diferença entre o objeto representado e a imagem pessoal que se tem dele. Para o adorador de imagens toda imagem idolatrada por ele só pode ter como objetivo o de ser adorada e qualquer aparente distorção dada ao significado daquela imagem poderá ser digno de um apedrejamento moral, quando não beiramos à barbárie do apedrejamento físico.Viviany Beleboni explicou em entrevista que quis com sua representação (sim, ela é atriz) expor o sofrimento e a perseguição a que estão sujeitos muitos homossexuais. Um sofrimento que por vezes chega às vias da execução sumária de pessoas cujo único crime é ser diferente da maioria. Nisso ela viu a analogia dos tantos mártires mortos pela crucificação no passado, entre os quais o Jesus Nazareno certamente é o caso mais conhecido, embora saibamos que ele não foi o único a ser mortificado desta maneira, entre tantas outras formas de martírio que a intolerância humana pode imaginar. Mas quem adora a própria imagem que faz das imagens não pode alcançar a amplitude do tudo que uma imagem pode significar.
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