Para que esta frase frequentemente atribuída a Jô Soares (se bem que já foi citada por outras pessoas em outros sítios da internet, inclusive em Portugal) não passe de um axioma improvável (me perdoem o pleonasmo), precisamos desenvolver um raciocínio que lhe dê alguma legitimidade. A recíproca da afirmação deveria ser provável.
O governo, por exemplo, teria de ser também inimigo do povo culto e fazer o possível para minimizar senão erradicar sua existência no país. Por outro lado o governo também teria os ignorantes como seus melhores aliados. Uma análise destas duas possibilidades talvez nos leve à conclusão sobre a veracidade ou não, daquela afirmação.
O Governo é o maior inimigo do povo culto?
A primeira indicação de um governo que veja o povo culto como um inimigo a ser anulado, seria colocar à frente da pasta da educação um inepto cercado de ignorantes. Aliás tal Ministro da Educação nem precisaria ser alguém com má formação intelectual e administrativa. Bastaria ser alguém alinhado com os propósitos e os planos de um governo que assumisse o povo culto como seu inimigo. Neste caso a prerrogativa de cercá-lo de gente ignorante, que só diga sim aos seus prováveis desmandos à frente da pasta, não poderia ser descartada.
Um governo assim deveria incentivar uma política de educação que não prestigiasse a qualidade da educação e menos ainda a de seus educadores. No entanto ainda teria de dar satisfação às exigências de resultados ditados pelos índices de avaliação do ensino. Daí surgiriam as verdadeiras ginásticas de um didatismo retrógrado e fracassado, que incluíssem a aprovação automática de alunos mal formados, culminando num sistema de bolsas e cotas que franqueassem o acesso destes docentes mal formados a universidade.
Como resultado disso, órgãos de pesquisas sérios como o IBGE poderia vir à público, numa perspectiva otimista, anunciar que cerca de 38% dos universitários sejam analfabetos funcionais. Isso numa perspectiva otimista, porque o IBOPE que usa o sistema do INAF, poderia alegar que os números chegassem a 50% de universitários que não conseguem compreender o que leem (sim, que leem, mas não entendem o que está escrito).
Juntando estas premissas talvez tivéssemos motivos para crer que um governo pudesse considerar o povo culto como seu maior inimigo.
Em nosso próximo artigo sobre #Educação pretendemos avaliar as implicações de um governo que pudesse considerar o povo ignorante como seu melhor aliado. Seria possível tal situação?
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