A jornalista cubana Yoani Sánchez enfrenta por onde passa a reação de brasileiros a favor da ditadura em Cuba
Me vi surpreso ao descobrir que aqui no Brasil ainda existam pessoas dispostas a defender tenazmente o regime dos irmãos Castro. O que tem acontecido com a jornalista cubana Yoani Sánchez poderia facilmente ser enquadrado como constrangimento ilegal e intimidação de testemunha. Pessoas gritando palavras de ordem em favor de Fidel, durante um governo que manifesta abertamente suas simpatias me assustam e dão medo. Será que eles desejam mesmo que ainda se implante um "cubanaço" aqui no Brasil, a esta altura do cenário político mundial?
É de dar medo. Porque tais manifestações reacionárias não se dão em algum recôndito interiorano onde a politicagem tacanha ainda mantém seus currais formados por eleitores ignorantes das real situação política do mundo. Não! Isso acontece no segundo maior centro político e econômico da Bahia e, pasmem, em São Paulo, onde se pretende que esteja a população mais esclarecida politicamente. Dá medo porque a alegada condescendência do governo brasileiro para com os simpatizantes do regime castrista contra a jornalista estrangeira, conforme foi denunciada em reportagem da revista VEJA, apresenta indícios de ser verdadeira.
Está certo que a visita de qualquer pessoa não deva interferir nos trabalhos ordinários da Câmara dos Deputados em Brasília. Mas, por que razão a sessão de votações seria transferida das 14 horas para as 11 horas na noite anterior, de modo que coincidiu com o horário agendado para a visita de Yoani? Estaria mesmo o presidente da Câmara atendendo a uma solicitação do Palácio do Planalto? Será que eles pensam que estamos numa sucursal de Cuba? Lá eles poderiam fazer o que quisessem e nós não ficaríamos sabendo. Mas o Brasil não é uma ilha onde a liberdade de expressão e o acesso à informação sejam cerceados. As dimensões continentais do Brasil tem se mostrado uma pedra nos sapatos daqueles que pretendem fazer do Brasil uma ilha isolada do mundo.
Os movimentos liderados por brasileiros autoproclamados "pró-Cuba" na verdade se mostram verdadeiramente como representantes dos interesses castristas em nosso território. E me dá medo de perguntar que interesses seriam estes. Ou sobre quem ganharia o que com a implantação de tal regime aqui.
De certo não seríamos eu ou você caro leitor.
Quando líderes desses movimentos a favor dos regimes de exceção latino-americanos acusam Yaoni Sánchez de representar com suas críticas apenas 1% da vontade da população cubana, deveriam olhar para si mesmos e realizar que eles também não representam proporcionalmente nada junto aos brasileiros. Que eles fariam melhor se voltassem suas energias às questões prementes da corrupção e da locupletação indevida imiscuídas em nossa sociedade em vez de se mobilizarem contra uma militante estrangeira que a rigor não nos tem causado nenhum prejuízo direto ou indireto.
Quanto a Yoany, torço para que ela consiga mesmo, com sua inteligência e sua coragem, desestabilizar a imagem do regime cubano, como a acusam de estar tentando fazer. Porque a imagem de governo que Fidel construiu, estável ao longo de seus mais de 50 anos de ditadura, não é lá muito boa junto à parte esclarecida da população mundial.
Torço, mas ainda tenho medo. Medo que consigam, com sua truculência, transformar as palavras de Yoani Sánches em silêncio.
Eu sinto esse mesmo medo , Paulo!
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