Partido do Governo nega existência de Mensalão, mas confessa o uso de caixa dois nas eleições. Afinal foi crime ou não foi?
Alguns dos principais envolvidos no caso do Mensalão |
Literalmente todo mundo já está sabendo que começa a partir da próxima quinta-feira o julgamento do que está sendo considerado um dos maiores escândalos de corrupção da história do Brasil. Mas o que alguns talvez não compreendam é o porquê da insistência dos envolvidos nas investigações negarem que se trate daquilo que o então Deputado Federal Roberto Jefferson apelidou de "Mensalão". Ao ponto até de admitirem que cometeram mesmo "irregularidades" durante a gestão do presidente Lula, com um alegado esquema milionário de "Caixa 2" em nome do Partido dos Trabalhadores, supostamente usado nas campanhas eleitorais do partido do Presidente da República.
Quem está prestando atenção aos noticiários talvez esteja se perguntando o que poderia ser mais grave do que o desvio de recursos públicos para o caixa do partido da situação e o porquê dos acusados preferirem confessar estas irregularidades a admitir a existência do dito "Mensalão", mesmo sob o risco de terem seus direitos políticos cassados, como tem acontecido com vários dos envolvidos.
Montesquieu formulou em 1748 os princípios básicos da teoria da tripartição dos poderes constituídos na qual estaria baseada a democracia moderna. A ideia era evitar a concentração do poder nas mãos de uma pessoa, ou de um grupo, ou de um único partido. A proposta central da teoria dos três poderes é a de que cada poder em suas atribuições equilibraria a autonomia do governo e interviria quando necessário nos outros promovendo a harmonia e uma maior organização na esfera governamental do Estado.
A partir da concepção da democracia teorizada por Montesquieu, contemplada na Constituição Federal da maioria dos países atualmente, inclusive o Brasil, fica fácil compreender o porquê de alguns dos principais representantes do governo preferirem o suicídio político a terem de assumir a suposta existência do esquema do Mensalão denunciado por Roberto Jefferson.
Na prática o Mensalão, se for comprovado no julgamento que começa na quinta-feira, terá sido uma tentativa de golpe contra a democracia. Representaria a anulação do Poder Legislativo pela compra do apoio incondicional de seus representantes e o consequente constrangimento do Poder Judiciário que seria obrigado a julgar de acordo com as leis sancionadas por eles. O Poder Executivo, ora representado pelo Presidente Lula e pelos Ministros de Estado indicados por ele, passaria a ser absoluto nas decisões que envolvem a vida dos cidadãos brasileiros. A propensa comprovação do esquema do Mensalão no Supremo Tribunal Federal significaria a tentativa da instauração de uma ditadura branca no Brasil, tendo o Partido dos Trabalhadores como principal beneficiado.
Por isso é melhor para eles assumir que houve malversação de recursos e desvio de dinheiro público por funcionários do alto escalão do governo, além da prática de "Caixa 2" que favoreceu a eleição de candidatos do PT, do que admitir a existência do esquema do Mensalão. O povo tem demonstrado grande capacidade e desprendimento ao perdoar nas urnas seus representantes pela prática de corrupção. Mas nunca se perdoaria a tentativa de instaurar uma nova ditadura no Brasil.
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