Wagner Moura é criticado por desafinar em tributo a
Renato Russo
Wagner Moura -Foto divulgação G1 |
Logo nas primeiras notas dissonantes os críticos se apressaram a manifestar sua contrariedade ao questionar a escolha de um ator para exercer a função que, na opinião deles caberia a um cantor tarimbado, ao ponto de especularem sobre os prováveis substitutos para Renato Russo. Nomes como os de Seu Jorge e Jerry Adriani foram bem lembrados.
À medida em que o público reagia positivamente, e quão positivamente reagiam ao espetáculo, os discursos outrora ácidos foram amenizando e lá pela metade do show já havia os que defendiam que Wagner Moura, a despeito de suas audíveis limitações vocais, estaria se superando em sua atuação no papel de Renato Russo.
Quão equivocados estavam todos eles. Nem Wagner Moura teria a pretensão de ocupar o lugar de Renato Russo como cantor, tão pouco estaria ele atuando. Wagner Moura estava sendo autêntico. Tanto que não me lembro jamais ter visto um ator ser tão autêntico.
Quem estava ali era o cidadão Wagner Maniçoba de Moura, um jovem baiano que aos trinta e cinco anos de idade realizava o sonho de subir ao palco acompanhado pelos ícones de sua banda de rock preferida. A banda que, segundo suas palavras, mudara seu modo de ver a vida. Wagner Moura era só um fã extasiado, arrebatado, emocionado.
Paradoxalmente, na autêntica emoção que o arrebatava, Wagner Moura estava representando, quase sem querer, o que um dia talvez seja reconhecido como o melhor papel de sua já brilhante carreira. Wagner Moura era eu, era você. Wagner Moura era todo aquele que um dia sonhou cantar com seus ídolos. Éramos nós no palco cantando Andrea Doria, Índios, Faroeste Caboclo, Angra dos Reis... a plenos pulmões. E se ele repetisse o que Caetano um dia gritara para a crítica, estaria coberto de razão.
"Vocês não estão entendendo nada, nada, nada, absolutamente nada. Vocês estão por fora." (*)
Wagner Moura já havia vencido.
Não posso terminar este ensaio sem me referir às verdadeiras paródias da noite. Danilo Gentili e Rafinha Bastos, que a unanimidade burra da mídia insiste em confundir com comediantes, mal conhecem o ofício que pretendem exercer se um dia o aprenderem, mas se meteram a críticos musicais no Twitter, no que foram devidamente rechaçados até por quem se dizia seus fãs.
Outro que quis pegar carona no carisma alheio para se promover foi o Marcos Mion. Na pressa ele nem se deu ao trabalho de saber de quem estavam falando, e despejou seus impropérios sobre o pobre do Wagner Montes, que aquela hora poderia estar dormindo em casa, sem saber de nada do que estava acontecendo.
Fui dormir o sono dos justos com a alma lavada.
(*) Caetano Veloso ao ser vaiado no Festival Internacional da Canção (FIC), no auditório da PUC-RJ, em 1968, quando cantou “É proibido proibir“.
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