A Filosofia quando encarada como um fim em si mesma fica reduzida ao fim que lhe derem
Não é ensejo da Filosofia promover uma inquisição nos moldes do proselitismo medieval, impondo um juízo universal ao pensamento e condenando os renitentes ao ostracismo da indigência intelectual, não. Os jovens filósofos que parecem assumir para si esta missão quixotesca nada mais fazem do dar vida aos dragões que, sem a importância que lhes dão, não passariam de moinhos de vento.
A Filosofia pretende quando muito causar um salutar desconforto á crendice, induzindo ao crédulo a repensar as bases de suas convicções. Ao desequilibrar as bases do conformismo, justificado ou não, o criticismo filosófico tira as crenças da área de conforto monolítico em que se encontram, ao tempo que disponibiliza métodos e técnicas criteriosas que tornem o repensar dos ideais produtivo para quem se predisponha a entender suas motivações.
Sempre haverá a possibilidade de que, ao reavaliar criticamente os alicerces de suas convicções, alguém encontre razão para reafirmá-las. Mesmo que depois da análise crítica dos preconceitos adquiridos alguém possa reiterar racionalmente aquilo em que acredita, a Filosofia terá cumprido seu objetivo. O fazer pensar e pensar criticamente.
Vemos então o caráter construtivo da Filosofia, que contrasta com o senso comum de uma suposta necessidade da destruição dos valores acumulados ao longo do percurso da humanidade.
A Filosofia quando encarada como um fim em si mesma fica reduzida ao fim que lhe derem, não contribuindo para a construção de nada novo. Mas, se vista com um meio de compreensão do que nos cerca e de nós mesmos inseridos neste contexto, a Filosofia é uma poderosa ferramenta de desenvolvimento social.
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