Enquanto o Real alcança a maior valorização da história, comunidades brasileiras optam por "dinheiro alternativo"
"CONSTITUIÇÃO FEDERAL - CAPÍTULO IIDas Finanças Públicas - SEÇÃO I - Normas GeraisArt. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo Banco Central."
O Real muito se destacou no cenário mundial como moeda forte e foi usado até como opção de câmbio confiável na economia formal de vários países, notadamente na América Latina. Na contramão desta notável valorização de nossa moeda, governos estaduais e suas prefeituras tem estimulado uma equivocada política social que pretende substituir a circulação do Real pela de papéis sem nenhum valor monetário dentro de "comunidades" fechadas pelo arbítrio dos governantes, que aparentemente insistem em não reconhecer a inserção dos moradores de nichos específicos nas grandes comunidades que governam, que são seus Estados e cidades como um todo indistinto.
A iniciativa apoiada pelo Governo Federal tem o suporte moral do Banco Central, e se diz amparada pelo pretenso "princípio da economia social". Mas o próprio representante do Banco Central que manifestou o apoio da entidade aos bancos sociais, fez questão de esclarecer que as "moedas sociais" não tem valor. "A moeda social não substitui o dinheiro e não pode ser usada em obrigações pecuniárias, porque não têm curso forçado, nem poder liberatório assegurado por lei. Sua emissão não pode conter ou implicar promessa de pagamento em dinheiro ao portador" disse o representante do Banco Central ao portal do IG (Para ler a entrevista clique em "Banco Central" acima).
Mas, a quem poderia interessar a troca de uma moeda reconhecidamente forte por um papel sem nenhum valor?
Esta troca não favorece a ninguém, senão a instituições financeiras sem nenhuma tradição no mercado, que se locupletam do incentivo de políticas públicas para captar recursos financeiros dentro das camadas menos assistidas da sociedade. A mecânica é muito simples: as associações de moradores entregam a estas instituições o dinheiro de verdade que conseguem arrecadar junto aos trabalhadores que moram em áreas pobres das cidades e recebem em troca um dinheiro de mentirinha, que será distribuído para ser usado em estabelecimentos comerciais dentro de um território restrito pela atuação destas associações.
Enquanto isso as instituições que oferecem este desserviço à economia dispõem à vontade do dinheiro dos moradores para investir no que bem entenderem, à revelia da vontade daqueles que efetivamente trabalharam para ganhar este dinheiro, criando uma relação distorcida entre o trabalho e sua tradução na aquisição de bens e serviços nas áreas onde o dinheiro for substituído por este papel. Ao passo que os comerciantes não podem contabilizar oficialmente o papel recebido nas transações comerciais que usam estes papéis, senão mediante subterfúgios suspeitos, vemos o governo estimulando a economia informal em nichos mal assistidos da sociedade o que, na medida em que tem se proliferado, representaria um grande prejuízo ao sistema financeiro no futuro, uma vez que o papel não oficial pode ser usado para driblar os dispositivos de controle da circulação monetária implementados pelo próprio Banco Central e entidades fiscalizadoras da economia.
Com a troca do dinheiro de verdade pelas "moedas sociais" sem valor, a verdadeira atividade econômica do Estado, mensurável pelos padrões que regem a economia, corre o risco de ficar restrita aos que ficaram com o dinheiro de verdade, excluindo ainda mais das estatísticas oficiais os que optarem por usar esse dinheiro de mentirinha.
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