A diferença de tratamentos dados pela justiça e jornalistas ao caso Bruno e ao de Pimenta Neves
O goleiro Bruno, em que lhe pesem as muitas suspeitas, jamais confessou o assassinato de Elisa Samúdio. No entanto permanece preso preventivamente enquanto o prazo para aquisição de novas provas do assassinato frio e cruel da modelo já se esgotou. Em outro caso, Pimenta Neves finalmente está preso após ter sido julgado e condenado com base em sua confissão pública de ter assassinado covardemente a jornalista Sandra Gomide. Mas, mesmo depois de confessar ter dirigido premeditadamente até o Haras Setti, em Ibiúna, para dar dois tiros nas costas da jornalista, Pimenta Neves ficou 11 anos livre, curtindo sua vida de nababo. Qual a grande diferença entre estes dois casos. Por que tratamentos desiguais aplicados pela mesma justiça?
Depois da natural comoção acompanhada freneticamente por ampla cobertura da imprensa que não poupou nem mesmo o cerco aos familiares do goleiro, seus milhões de fãs o abandonaram à própria sorte. Não poderia ser de outra forma. A galeria de fãs do goleiro seria composta por fanáticos torcedores de futebol, que na sua maioria é gente de bem, que não coaduna com a injustiça. Já Pimenta Neves angariou ao longo de sua carreira jornalistica a simpatia de bem menos fãs que o Bruno, no entanto tal lista seria formada por gente muito mais influente. Pimenta Neves era um ícone do jornalismo brasileiro, a quem muitos dos jornalistas que infernizaram a vida dos familiares do Bruno admiravam de maneira incondicional.
Os fãs de Pimenta Neves jamais o abandonaram. Mesmo no calor dos acontecimentos, há 11 anos, os amigos de Pimenta faziam questão de frisar a diferença de idade entre ele e Sandra Gomide, além do fato condenável de que ela namorava o próprio chefe. As declarações de Pimenta Neves de que ela o traia acintosamente tiveram um destaque tal que quase justificavam a forma hedionda com que ele planejou e executou seu crime. Também não seria de todo impossível que, na função de diretor de redação do jornal "O Estado de São Paulo", Pimenta Neves tivesse angariado a admiração de gente ainda mais importante fora do meio jornalistico.
No dia 30 de agosto de 2000 a juíza Eduarda Maria Corrêa, da 1ª Vara Criminal de Ibiúna, decretou a prisão de Pimenta Neves com base na confissão do réu. A decisão da juíza se deu depois da análise que constatou que Pimenta Neves não apresentava problemas psiquiátricos. No dia 4 de setembro de 2000 o jornalista foi transferido para o 77º Distrito Policial, no bairro de Santa Cecília. A justiça até então tratou de ser exemplar na condução do caso.
Mas inexplicavelmente no dia 23 de março de 2001 o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu habeas corpus revogando a prisão preventiva do jornalista, assassino confesso de Sandra Gomide. Finalmente no dia 5 de maio de 2006, Pimenta Neves foi condenado a apenas 19 anos pelo homicídio duplamente qualificado de sua ex-namorada Sandra Gomide. Entretanto, o juiz não decreta a prisão do jornalista, pois, de acordo com entendimento anterior do Supremo Tribunal Federal, ele teria o direito de recorrer da sentença em liberdade.
Agora quando finalmente a justiça está sendo feita como deveria há muito, os antigos colegas de Pimenta Neves acham mais importante destacar que o coitado, hoje com 74 anos, vai ser obrigado a tomar banho frio na cadeia. Tomara que não resolvam se cotizar para comprar um chuveiro elétrico para o pobre velhinho. Senão as pessoas poderiam desconfiar de um favorecimento corporativo na condução das notícias dadas por parte daqueles que deveriam cuidar da informação imparcial a opinião pública, doesse a quem tivesse que doer.
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