A ignorância pode ser uma bênção como dizem por aí, desde que reconheçamos o quão ignorantes somos.
Hoje me deu vontade de falar da gente. É, falar de nós mesmos. Todos nós somos ignorantes em algum aspecto de nossas vidas miseráveis. Já sugeriram que não se pode saber tudo. Mesmo um médico, hoje respeitado pelo conhecimento que possui sobre as mazelas a que o corpo humano está suscetível, um dia ignorou tais assuntos. Agora ele usa seu conhecimento para ajudar pessoas que são tão ignorantes quanto ele já foi um dia. Em contra partida existem tantas outras coisas que este doutor provavelmente ignora. Somos seres gregários e interdependentes por natureza. De modo que o conhecimento de uns tende a suprir a deficiência de outros, esperando por um retorno equivalente que supra nossa própria ignorância. Ser ignorante para nós é tão natural quanto é o ser humano.
A ignorância pode ser uma bênção como dizem por aí, desde que se reconheça o deficit do conhecimento e se esteja pronto a receber ajuda daqueles que lograram alcançar algum conhecimento específico sobre aquilo que ignoramos. O fim da ignorância se dá através da busca e da consequente aquisição do conhecimento. Mas pode ser também uma desgraça para o ser humano se dispor a admitir que não entende de fato aquilo do que está falando ou, ainda pior, não admitir e divulgar a ignorância como se tratasse de um conhecimento adquirido. Os que seguem a tais propagadores de equívocos continuarão ignorantes, mas dificilmente admitirão isso. Porquanto estão convencidos de que sabem aquilo que na verdade desconhecem.
Então, para erradicarmos a ignorância, não nos bastaria apenas buscar e adquirir conhecimento. Preciso se faz ainda usar o senso crítico que nos é inerente e verificar racionalmente se aquilo que nos têm ensinado trata de um verdadeiro conhecimento, ou se não seria só mais uma mistificação da ignorância, fantasiada com a pompa e a circunstância que os ignorantes crônicos costumam dar às suas alegações improváveis. E quão grande e quão danoso pode ser o poder dado aos que, sem saber, se comportam como se soubessem alguma coisa sem saber.
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