Bem vindo à Forja. Vamos falar de Educação - O Desafio da Desmistificação do Conhecimento
Os sistemas de ensino formam repetidores de "verdades" vindas de quem se julga guardião do conhecimento.
Já lhe ocorreu de você quase desistir de fazer alguma coisa por imaginar que poderia ser mais difícil do que realmente foi? Apesar da fama de ser propenso ao pessimismo entre os meus amigos, tendência que eu como todo pessimista chamo de realismo, trago comigo uma característica que mudaria o julgamento dos demais por ser inerentemente ligada ao otimista: eu sou um cara persistente. E foi sendo persistente que adquiri algum conhecimento geral, a despeito das dificuldades que os enfunados donos do conhecimento alegaram ao longo de minha busca.
Ao conhecer exatamente uma matéria qualquer passei a perceber que a maioria das dificuldades atribuídas a obtenção daquele conhecimento exato se devia a algum tipo de mistificação em torno do assunto. Esta mistificação pode se apresentar de diversas formas e em quase todas as áreas do conhecimento humano, o que torna a vida dos estudantes uma tarefa árdua ao ponto de relativamente poucos cheguem realmente a usufruir de alguma sabedoria decorrente de seu conhecimento. Entendendo que a sabedoria prática está intimamente ligada ao uso criativo e crítico do conhecimento adquirido.
Os sistemas educacionais no entanto são voltados para a formação de repetidores incontestes das verdades afirmadas por aqueles que julgam a si mesmos como guardiões do conhecimento. Os "intelectuais" do mundo em geral, e os brasileiros especialmente, tendem a usar de artifícios que pretendem proteger o conhecimento daqueles que são preconceituosamente julgados como incapazes de compreendê-lo.
Um dos principais meios de mistificação do conhecimento é o uso profícuo e persistente de termos técnicos específicos ou de neologismos relativos numa determinada área do conhecimento. Não saber o significado dos termos inventados a priori para definir uma matéria específica prejudica terrivelmente a compreensão de elementos simples. Pior ainda quando se trata de um termo já conhecido e se lhe dá um significado totalmente diferente daquele encontrado nos dicionários.
Por exemplo, temos o caso de alguns que nos consideram ignorantes quando dizemos que um símio e um macaco são a mesma coisa. Quem ainda não ouviu um técnico explicando que não é verdade que a teoria da evolução afirme o homem descende de macacos mas sim de símios anteriores aos macacos? Isso faz algum sentido à luz da simples etimologia das palavras?
Ou ainda, há os que insistem que teoria e hipótese não são sinônimos, quando nós sabemos que são. Os mistificadores do conhecimento tentarão de todos os modos nos convencer que estamos errados, e que num determinado contexto tratam-se de coisas diferentes quando não são em nenhuma instância linguística.
Pela simplicidade na educação!
Comecemos agora uma campanha educacional que não se mostrará fácil, mas que não seria impossível. Rejeitem a mistificação do conhecimento, qualquer que seja o assunto em pauta. Cobrem de seus educadores o porquê de afirmarem o contrário daquilo que nos parece ser óbvio, mas que no discurso deles torna-se algo quase incompreensível, fazendo nos sentir como tolos perante suas auto-inferidas autoridades.
Lembremos Guilherme de Ockham: quando houver duas versões que expliquem um mesmo fato, a mais simples é a que mais se aproxima da realidade.
Diga não à mistificação do conhecimento em nome da simplificação do ensino.